Resenha: Esc@ndalo

Título: Esc@ndalo (2013)

Autor: Therese Fowler

Editora: Novo Conceito

Páginas: 384

Esc@ndalo

Dois jovens apaixonados. Um romance proibido pelo pai da garota. Romeu e Julieta? Não. Nem perto do clássico de Shakespeare. Na verdade, uma história um tanto agoniante de se ler. Na trama de Esc@ndalo (sim, com “@” – olá, títulos abrasileirados!), Amelia e Anthony são dois jovens brilhantes e talentosos que têm tudo para se destacar na Broadway, um dia. Ela tem 17 anos. Ele, 18. Amelia é a garotinha do papai, filha de um rico empresário do ramo automobilístico. Anthony estuda na mesma escola de alto nível, mas apenas porque sua mãe é professora ali. Vieram de caminhos diferentes, mas os dois se encontraram e a fagulha virou chama. Esconderam o namoro, porque Amelia temia a reação dos pais. De certa forma, ela estava correta.

Eis que Amelia e Anthony acharam que seria uma ideia caliente trocar imagens provocantes por e-mail. Só que o pai de Amelia, Harlan, certa manhã, resolve procurar sarna para se coçar e abre o computador da filha (alô, invasão de privacidade). Lá, acaba encontrando imagens de Anthony. Ele aciona a polícia e ambos os jovens (para o desgosto de Harlan, que esperava incriminar Anthony e fazê-lo parecer um rapaz mau que corrompeu sua inocente menina) vão presos, acusados de todos os crimes sexuais possíveis no que a mídia chama, na trama, de escândalo de “sexting”.

É frustrante observar como o pai de Amelia, a polícia e a mídia transformam o romance dos dois jovens em algo perverso e terrível. É claro que, se Amelia tivesse tentado enfrentar o pai (que parece sofrer do famoso “não quero que minha criança cresça”, entre outros medos e inseguranças) desde o começo, talvez a situação não tivesse sido tão ruim.

O final é bastante chocante (com uma pitadinha de Romeu e Julieta) e é agradável ver como, por trás da história do romance, tem um sério questionamento sobre até onde vai a justiça, a intromissão da mídia e, lógico, relacionamentos familiares e a clássica falta de diálogo. Tanta coisa pode ser resolvida na base da conversa… Fica aí a lição do livro e um pensamento bem particular: as coisas não precisam tomar rumos drásticos para que assuntos sejam debatidos.

Bom

P.S. As fotos de Anthony nu, em questão, são vistas pelo pai de Amelia, na trama. E, no livro, o casal realmente tem planos, amam-se e têm a intenção de construir um futuro. No dia-a-dia, a situação pode ser bem diferente. No ano passado, ouvimos falar de dois casos de adolescentes que acabaram cometendo suicídio após terem fotos íntimas suas divulgadas na Internet. O meio eletrônico pode ser um perigo e a chance das imagens (ou vídeos) vazarem é gigantesca. Casos em que as imagens são divulgadas pelos parceiros ou parceiras após uma briga ou simplesmente por diversão não são raros. Então, cuidemos com a escolha dos parceiros. Não vou nem entrar no mérito do sexo precoce na adolescência, mas que seja feito, pelo menos, com segurança. E não acredito que estou citando Faustão, mas se ele ou ela quiser dar aquela filmadinha, acho que cabe bem a velha história do “quem sabe faz ao vivo” – e sem precisar mostrar para todo mundo.

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